Tudo estava indo bem – você sabia que não estava, mas gostava de fingir que sim – ele sorria, te abraçava e às vezes ficava sem silêncio. Esse silêncio te incomodava, mas era algo que você facilmente esquecia. Um beijo. Dois beijos. Um abraço e um pouco mais além. Não era mais a mesma coisa, mas você preferia isso do que outra coisa: a solidão.
Foi então, que em um belo dia de domingo cinza, ele te ligou e te disse que queria conversar. Tudo bem, você adorava fazer isso. Lápis de olho, blusa amarrotada e um tênis meio branco meio sujo. Você estava lá, esperando por ele. Linda, cheirosa – Gastou todo o seu perfume com ele de novo? – e sorridente. Ele chegou, lindo, cheiroso e não sorridente. Te abraçou como uma pedra de gelo, e foi escorregando pelo seu corpo sem que você conseguisse segurar, fazendo escorrer tristeza do seu coração e sair fumaça do seu estômago. Maldita pedra de gelo. Derreteu. Acabou.
Não era mais os dois, era você e ele.
Se-pa-ra-dos
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